sexta-feira, 13 de março de 2009

há palavras urgentes...


Foto:Gerald Blank (c)
Sei de uma casa
que morre...junto às acácias
Dói-me
a porta por abrir... as cortinas...
por correr
Nas folhas da soleira...
palavras urgentes ...
que pendem...ainda das flores
Se reclinam na tarde...
onde te pressinto
aguardo...
Filosofia de Pott

5 comentários:

  1. Querida dona do blog!

    ..por falar em Textura...não é verdade que o tempo passe.Fica nas coisas para que um pouco de nós sobreviva à nossa desapropriação.As casas decrépitas,os móveis antigos,têm uma alma composta de emanaçôes do passado;conservam os
    séculos na sua argamassa e nas suas fibras;são acumuladores de tempo,de ternura,de afectos estratificados que se volatilizam,que se nos oferecem quotidianamente,sem que o percebamos,e transformando os túmulos da história em poesia taciturna.


    Obrigado pelas suas palavras,que, acredito
    sejam sinceras.Também pelo novo poema com que me brindou e de que gostei.

    Não é o mundo exterior que actua sobre a nossa sensibilidade,gerando a dor ou prazer;a dor ou a alegria que há em nós é que nos fazem ver diversamente colorido o mundo exterior.

    Mas..mudando de assunto...
    Tenho no meu quarto,na parede ,em frente à cama,um desenho imaginário.Trata-se de um mapa,a Projecção de Mercator.A Projecção de Mercator é a mais descarada mentira geográfica perpetrada pelos mapas.Ao copia-la,de forma imaginária, regozijo-me em me tornar cúmplice das deformações; desenho em grande,as cidades consagradas pela moda ou pela actualidade,dando menor relevo às celebradas pela História;as tres cidades mais importantes dos Estados Unidos; Reno,Detroit ,Hollywood ,famosas pelos Divórcios,pela FORD e pelo Cinema,esmagam as consagradas pela descoberta de Colombo,pelo desembarque dos puritanos ingleses do«Mayflower» e pela proclamação da Independencia.No velho continente assinalo as montanhas com critérios estranhos à sua altitude.O Himalaia parece uma colina,em comparação com o Sinai(o monte da Sabedoria) e com Saint-Moritz(as alturas da Vaidade).Quanto a correntes de agua só traço duas, o Reno e o Jordão,o Ódio e o Amor.Assinalo como cidades importantes da Europa estas quatro: Amsterdão,onde Spinoza foi amajdiçoado pela Sinagoga por ter perdido a Fé de seus pais; Saint-Vannes,onde o beneditino Don Périgon inventou o champanhe;Versalhes ou a falência da força; Genebra ou a falência da razão.Desenho a vermelho,em grossas curvas, o itenerário das Cruzadas, e em azul o percurso do Orient-Express;em vários pontos,a estrada de Godofredo de Bulhão cruza-se com a da Companhia dos Wagons-Lits.Nada há mais decorativo do que um mapa que contenha os rios fabulosos,as terras dos amantes,os poços de petróleo,as linhas aéreas,os itenerários dos conquistadores,as minas de esmeraldas.Assinalo na minha carta geográfica dois célebres jardins:na Inglaterra,o Jardim de Woolsthorpe,e na Arménia o Paraiso Terrestre,indicando-os com duas maçãs:a maçã de Newton e a maçã de Eva:uma demonstra que o destino das coisas está regulado pelas leis matemáticas;a outra que o destino dos homens está regulado pelo capricho.
    E por hoje,querida doma do blog, mais nada.
    Amanhã continuarei a desenhar no mapa ou noutra coisa qualquer.

    Um beijo

    POTT

    ResponderEliminar
  2. Querido Pott, lê-lo está a tornar-se um exercício de contemplação,uma viagem guiada ao mais recôndito do conhecimento ao mais exótico e venal dos mundos onde a morfologia dos contextos a essência das imagens converge para um mapa interior com vista para o mundo que nos rodeia com passagens demarcadas e informação personalizada. Apaixonante! pela fluência metafórica,pelo descernimento factual onde transbordam sextos sentidos essa TEXTURA que não se lê em nenhum livro (podendo ter sido tocada aqui e ali por fibras outras) antes porém lhe
    atribuem uma identidade vibrante e enternecedora...Quisera eu poder seguir-lhe o caminho e traçar no tecto do meu quarto o mapa da minha existência mas...receio bem que lhe faltassem as coordenadas exactas claras á sua leitura, ou melhor, pela densidade se emaranhassem em memórias pouco matemáticas, menos bucólicas e por isso desinteressantes.

    No meu... mapa riscado no tecto, vejo apenas o Mar que me atravessa: o barco aguarda a árvore acena o sol afaga e a ave guia...os sonhos que me habitam lá a sul de tudo!

    Deixo-lho entregue para que não me perca

    com particular afecto Pott

    ResponderEliminar
  3. Olá dona do blog!

    Ainda a mulher....
    Ninguem conquista a mulher que quer.O amor é regulado pelo acaso,não pela vontade.A mulher que eu teria querido é a que estava com outro, num café,e da qual nem consegui atrair a atenção;é a que se sentava a meu lado no teatro,e me deixou uns pelos do seu vison na manga do meu casaco,e me agradou pela voz,ou por uma frase arguta,ou um adjectivo adivinhado,ou um silêncio inteligente.A mulher que eu teria querido é a desconhecida que me fitou e desapareceu:quando a revi,já não era ela.Creio no «coup de foudre», principalmente se o considerarmos uma pequena descarga eléctrica:às vezes certas mulheres electrizam-nos;seis meses após,já não o conseguem,porque algo mudou na corrente delas ou na nossa condutibilidade, ou porque outra mulher, entre nós, serve de corpo isolante ou intercepta a corrente.Conquistar a mulher que se deseja,significa conquista-la nesse momento,e não depois.As mulheres que eu tive foram,de uma forma geral,adoráveis,mas não foram as que eu quisera.A mulher que está em nossos braços e tem a boca a vinte centimetros da nossa boca,nunca é aquela que quiseramos,pois vinte centimetros é espaço demasiado pequeno para nele vogarem os nossos desejos ou para as trajectórias parabólicas da nossa fantasia.

    Boa noite querida dona do blog.
    POTT

    ResponderEliminar
  4. Querido "sol da madrugada": ainda e sempre o Amor o eterno Amor...mas não o Amor eterno! Esse fogo fátuo,que tanto pisamos em almofariz para lhe descobrir a essência.Tanto injectamos no olhar para lhe reter a aura,para logo se desvanecer, no gesto desajeitado, na côr do baton, no perfume indiscreto.
    Ser mulher não é fácil; avaliada, exposta etiquetada pelo faro cioso e dispensada.Usada! pelo tacto cego,braile de sensações passageiras, emprenhada de promessas ilusórias em que embarca para sumir em becos em choro e esquecimento! A MULHER quer mais! A que se preza, porque a outra sabe o que "não" pode esperar e ainda se faz pagar por isso, não é ela que se prostitui, prostitui o próprio Homem que tem de comprar! Há muita raiva e desencontro!

    A mulher quer ser estimada, querida, considerada nesse pequeno espaço entre dois corpos onde caiba um abraço, e "todas as trajectórias" desse acto.

    BOM DIA para Pott

    ResponderEliminar
  5. Querida dona do blog.
    Não precisa de me explicar o que pretende quando fala do Mar,do Sul e tudo que me diz.
    Se algum dia não entender alguma coisa,digo.
    Quanto ao barco e ao sol,era apenas uma imagem criada por mim sem querer ofender o pudor de quem quer que fosse.Apenas pretendi desanuviar,sem êxito,algo que se poderia tornar pesado.

    POTT

    ResponderEliminar